12/08/13

O mau que entra pelos olhos / Bispo Renato Cardoso



O ser humano tem o dom de achar erros nos outros. Talvez mais uma doença do que um dom, na verdade. Há quem ache erro até em Deus, como os que acharam defeitos em Jesus quando andou nesta terra. E foi Ele mesmo quem nos alertou sobre os perigos desta doença:
Se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão. Mateus 6.23

Quer dizer, eu posso não saber que você tem maus olhos para comigo. Portanto, seus maus olhos não me afetarão. Mas a você, sim. Como?

Quando temos maus olhos para com alguém, começamos a procurar defeitos nele. 
A ordem que damos ao nosso cérebro é: “Essa pessoa é má. Encontre provas disso.” 

Daí começamos a ver tudo mau:
A pessoa chegou atrasada? 
É preguiçosa. 

Chegou cedo? 
Quer se mostrar para o patrão.

 É bonita? 
Tá se achando. 

É feia? 
Bem feito.

Tem dinheiro? 
É ladrão. 

Não tem dinheiro? 
É um zé ninguém.

Faz boas obras? 
É só para inglês ver. 

Não faz boas obras? 
Egoísta.

Se destaca pelo que faz? 
Quer aparecer. 

Não aparece? 
É um zero à esquerda.

Essa busca por defeitos não tem fim. Você se torna uma pessoa amarga, odienta, rancorosa, cuja língua só tem veneno. Se você tem maus olhos para com alguém, não há como esse alguém lhe agradar. O problema está com você, não com a outra pessoa.

Seu estado é tão sério que as vítimas dos seus olhos maus nem precisam lhe punir, criticar ou se defender. Você já têm a própria punição: a escuridão que há aí dentro de você. Uma raiva que nunca acaba. Uma pessoa amarga que só consegue atrair amigos iguais a você — que odeiam as mesmas pessoas. Um sentimento de que você é o único “perfeito”, mesmo sabendo que tal coisa não existe.

Mas por que você não enxerga isso?

Ah, desculpe a pergunta. Me esqueci que você está na escuridão.

DAR O TROCO



“Sempre que somos ultrajados, temos que decidir que via tomar: a da excelência e do perdão ou a da imperfeição e do rancor.”

São dois caminhos, duas estradas que se colocam diante de nós, que, na verdade, se traduzem numa escolha, entre fazermos a nossa própria vontade ou optarmos por fazer o que é certo. E o que é o certo? Será que é sempre contrariarmos a nossa vontade?

Analisemos como, habitualmente, o ser humano reage a um insulto, ofensa grave ou afronta. Pacificamente ou com igual ou superior agressividade? Com o perdão instantâneo ou com rancor e uma mágoa que perdura?

A realidade é que a vontade humana é sempre de revidar, de ‘dar o troco’, pois o contrário é ‘ser banana’, um fraco, uma pessoa que não se sabe defender.

Que via tomar? Independentemente do julgamento alheio, o Senhor Jesus respondeu a uma pergunta sobre quantas vezes devemos perdoar, da seguinte forma: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mt. 18.22)

Devemos ainda entender que, quem perdoa, não está a fazer um bem ao perdoado, ou a Deus, e sim a si mesmo!

Bispo Julio Freitas

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